Nota Pública Conjunta

Como é de conhecimento geral, a classe médica vem sendo contínua e gradativamente desvalorizada pelo IPE SAÚDE. Cumpre esclarecer que os médicos credenciados são profissionais eminentemente autônomos, liberais, sem vínculo empregatício com a entidade.

A ausência de uma regulamentação impositiva quanto aos termos e garantias contratuais mínimas promoveu, ao longo dos anos, o aviltamento sistêmico da atividade médica. Hoje, os valores pagos pelo IPE SAÚDE não cobrem sequer os custos para exercer a profissão. Ou seja, o médico literalmente paga para trabalhar pelo IPE. E quando ele resolve lutar pelos seus direitos, como qualquer cidadão trabalhador nesse país, se arrisca a ser mal interpretado.

O médico é um profissional como qualquer trabalhador, e deve ser valorizado pelo exercício da sua profissão. O exercício da Medicina, dada a sua utilidade pública, possui vieses que necessitam de uma visão mais sensível, todos sabemos. Não existe medicina sem médico.

Há mais de nove anos estamos tentando negociar com o IPE SAÚDE, e a técnica que foi utilizada pela entidade, ao longo de todo esse período, foi mudar, de tempos em tempos, os interlocutores para começar do “zero” as negociações. Nesse período, os cirurgiões continuaram atendendo pela remuneração aviltante, que hoje equivale à metade do valor do próprio SUS, sempre na esperança de que “agora” iríamos ter uma negociação real, justa e efetiva.

Foram anos de desrespeito e, como um direito conferido a qualquer trabalhador, os cirurgiões cardiovasculares decidiram, individualmente, após notificar com meses de antecedência para evitar atropelos, não mais estarem vinculados contratualmente a essa operadora.

Assim, informamos que os cirurgiões continuarão exercendo seu mister, fazendo seus atendimentos em caráter particular, observando valores compatíveis com a realidade, sempre ressalvando que as situações de emergência serão atendidas sem qualquer ressalva, como é usual na boa prática médica e da índole de cada médico.

Recentemente, o IPE SAÚDE publicou relação de médicos credenciados em "Cirurgia Cardiovascular". É uma lista falaciosa, pois é sabido pelo IPE que quase a totalidade dos colegas ali citados se dedicam à cirurgia vascular periférica, não cardíaca na realidade. Ambas as atuações são catalogadas no IPE como "Cirurgia Cardiovascular".

Este manifesto público tem o intuito de deixar claro o compromisso que temos com a saúde e com a Medicina e, ainda, esclarecer que o IPE SAÚDE não assumiu seu compromisso e responsabilidade frente aos seus usuários e aos seus respectivos prestadores de serviços médicos.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2022.

Renato A. K. Kalil
Presidente do Conselho de Administração
CoopcárdioRS - Cooperativa de Trabalho dos Cirurgiões Cardiovasculares do Estado do Rio Grande do Sul

Ricardo Moreira Martins
Diretor de Exercício Profissional da AMRIGS

Marcos Rovinski
Presidente do SIMERS